Monday, August 11, 2008

Último ano em Luanda


Tiago Rebelo escreveu e muitos de nós lemos apaixonadamente um livro que relata um período histórico conturbado de Portugal e Angola.
Muitos dos factos relatados neste livro dão uma visão da descolonização muito diferente daquela que geralmente nos é transmitida pelos programas de televisão e documentários saudosistas do 25 de Abril de 1974.
A verdade é que o 25 de Abril, não pela revolução que fez caír um regime decadente e sem sentido, mas pela completa anarquia institucional e pela irresponsabilidade crónica que infectou os mais altos responsáveis de um estado desgovernado da altura, resultou numa série de erros internos e externos. Este livro relata alguns factos que revelam a perfeita diarreia mental em que se baseou a descolonização Portuguesa, mas outros haverá em que se poderá analizar a paridade entre este processo e o que se passou em Portugal, desde a ocupação de terras sem respeito à propriedade privada, à nacionalização irresponsável de empresas e serviços, levando o País a um miserável estado de coisas, que ainda hoje estamos paulatinamente a corrigir.
Mas este romançe, que se baseia incrivelmente em factos reais, toca-nos profundamente, principamente a nós que estamos por cá, sem nunca termos sido, nem ambicionarmos vir a ser colonos.
Tendo como referência escritores Americanos e Latino-Americanos, o género Europeu não me costuma apelar, mas Tiago Rebelo foi de facto uma excelente surpresa. Na minha próxima visita a Portugal certamente comprarei mais livros deste excelente autor contemporâneo.


Sinopse:

Em 1974 uma revolução em Lisboa apanha de surpresa centenas de milhares de portugueses que vivem em Angola. A partir desse dia inicia-se a derrocada imparável de uma sociedade inteira condenada à destruição e à ruína. Em escassos meses, trezentos mil portugueses são obrigados a largar tudo e a fugir, enquanto Luanda, a capital da jóia da coroa do império português, é abalada por uma guerra civil que alastra ao resto do território angolano. É neste cenário de total desorientação social e de insegurança generalizada que Nuno, um aventureiro que há anos atravessa os céus do sertão angolano no seu avião, Regina e o filho de ambos se movem, numa extraordinária luta para sobreviverem à violência diária, às perseguições políticas, às intrigas e traições que fazem de Luanda uma cidade desesperada. Esta é a história de coragem e abnegação de um casal surpreendido num processo de degradação que se deve à recusa do Exército em defender os seus próprios compatriotas, ao desinteresse dos políticos, à total incapacidade do governo de Lisboa para impor os termos de um acordo assinado no Alvor e à intervenção militar das duas potências mundiais envolvidas numa guerra fria.

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