Grande maka com os jogos

Parece que nos últimos tempos só falo de Jogos Olímpicos, mas a verdade é que este é o tema quente do momento, ofuscando (pelo menos há distância de um continente) assuntos de maior importância como a estabilidade económica, desemprego, taxas de juro e preços de matérias-primas. Julgo que falo em nome de todo o Governo do Eng.º (lol) Sócrates, quando digo - OBRIGADO PEQUIM 2008!

Parece que a imprensa se virou para os atletas, acusando-os de serem maus perdedores e queixinhas... tenho que reconhecer que de facto têm sido apontadas algumas desculpas bem esfarrapadas. E têm sido ditas algumas coisas bem irreflectidas!

Quando um atleta eleminado diz "Eu já me convenci que, de manhã, no meu caso, só é bom para ficar na caminha." (Marco Fortes - lançamento do peso), temos que admitir que no mínimo não lhe fica bem. Mas vamos lá ver, se os Jogos fossem apenas para atletas que aspiram a medalhas, em 5 ou 6 dias estava tudo acabado, pois para cada competição teriamos uma meia dúzia, no máximo uma dúzia de atletas e sejamos honestos, o Marco Fortes nunca teve hipótese! Conseguir os mínimos para estar nos jogos já foi uma vitória.

Grave para mim foi o abandono de uma atleta por correr contra Africanas! Eu estou em África e não as vejo a correr assim tanto, mas se ela sabe melhor, podia ter recusado a integração na selecção olímpica...

O problema é que nós vemos e ouvimos declarações de atletas em momentos de grande tensão, com enormes responsabilidades e por vezes dizem-se coisas da boca para fora. Não culpo os atletas. Fora um ou outro resultado aquém do esperado, uns por azar (como com a Naide), outros por claros maus momentos de forma (só não acontece a quem está no sofá), estamos a ter os resultados normais! Anormal é ganhar uma medalha no ciclismo!!! Ganhar medalhas nos 100m? Só com recurso a naturalizados (que são bem tugas, eu sei, mas não são produto da nossa política de desporto).

A maka, volto a afirmar, está na falta de uma política escolar orientada para o desporto. Estive em 97 nos Estados Unidos e lá as escolas não são só matéria! Há desporto para todos, ou então arte, mas é ponto assente que estudar é mais do que matemática e Português (Inglês no caso deles), há que cultivar corpo e mente.

Em Portugal temos a Educação Física, que não é focalizada (faz-se tudo e não se faz nada). Em desporto há que separar homens e mulheres, pois não competem juntos... há que competir, mas em portugal nem entre turmas isso acontece... há que fazer escolhas e orientar, mas em Portugal nem há um esforço em detectar talentos nas escolas - hoje correm todos, amanhã jogam todos futebol e no dia seguinte é tudo a jogar voley ou basket.

Não adianta nada vir depois dizer que atletas que sempre fizeram tudo sozinhos são apoiados só porque durante uns anos receberam apoio do estado... para mim não está provado que esses sejam os nossos melhores, são apenas os mais obstinados e frutos de um acaso que foi descobrirem que gostavam de correr fundo, ou que tinham jeito para saltar barreiras ou em altura, que até eram bons em voley ou que o que gostavam mesmo era de correr marcha.

E o povo Português, em vez da saída fácil, podia por uma vez assumir que a merda somos nós todos que a fazemos, porque não exigimos à partida e depois ficamos insatisfeitos com os resultados à chegada!